Entrego- lhe o orgulho Feito de aço foi armadura Hoje é entulho Dou-lhe o ego Que pesa e prende Preciso do elo Leve e sem amarras Na sua frente Imploro - algeme-me Não o seduzi, nem poderia Se o fizesse, perderia Seu poder sobre mim Degusta-me, sou vinho Passeio em sua boca Sob seu comando Envolvo sabores Para engolir-me
Relendo uma matéria sobre a Rita Lee intitulada "Não nasci para casar e lavar cuecas", publicada na revista Rolling Stone em 2007, 15ª edição, escrita por Marcus Preto, uma questão me chamou a atenção – uma frase de Tom Zé:
“(...) Mulher que é bem trepada lava a roupa sorrindo. Uma Rita bem trepada em um país que vive na mão de ditadores lava a política com um humor fino e cortante e resulta em uma música gostosa de cantar. (...)”
Lembrei de como eu e minhas amigas cantávamos quase que como um hino a música ovelha negra sem ter sido especificamente uma, mas achando muito legal quem sabe ser uma. Afinal não participamos do movimento, colhemos seus frutos, de qualquer sorte (azar) pegamos o finalzinho da ditadura e nos descobríamos seres pensantes e que agem em meio a descobertas sexuais e artísticas, tudo no mesmo saquinho de metamorfose ambulante.
Ahhhhhhh o amor livre...onde foi parar? Existe? “Se o que eu mais venero é a beleza de deitar” (Raulzito) “How did you lose your virginity Mary Long? When will you lose your stupidity, Mary Long?” (Deep Purple) Entre roxos e eufóricos perdemos e ganhamos muitas coisas. Qual era mesmo a liberdade almejada? Ao que me lembre era a de escolha fomos até para as ruas pelas “diretas já”. Só o que escolhemos nos faz livre? Aceitar é uma escolha?
Outra frase agora da própria Rita é gostosa de citar:
“Não nasci para casar e lavar cuecas. Queria a mesma liberdade dos moleques que brincavam na rua com carrinho de rolimã. Quando entrei para a música, percebi que a 'tchurma' dos culhões reinava absoluta, ainda mais no rock. 'Oba', dizia eu, 'é aqui mesmo que vou soltar a franga e, literalmente, encher o saco deles'. Depois que provei a mim mesma que era capaz de conseguir as mesmas vitórias, sosseguei um pouco o facho. Principalmente depois que Roberto entrou na minha vida feito um Lancelot. Minha Guinevere pôde então exercer a função de namorada, amante e mãe. No palco, sou mais macho do que fora dele, (...).”
Gostoso ver a ovelha negra se render ao cavaleiro e permitir viver seu lado princesa e frágil. Então será que Tom Zé tinha razão ao dizer que uma mulher bem trepada lava roupa sorrindo? Ou não se nasce para isso, simplesmente se aceita num tempo da vida? Isso é escolha? Meio que num cruzamento movimentado de Sampa hoje me desvencilho da ovelha negra e saio cantando sexo antes, amor depois, ou será o contrário? Hummm, meu bem você me dá água na boca!
Henriques, Eduardos e a coroa pipocando entre rosas brancas e vermelhas. Anos de luta transformados em jogos, jogos de xadrez onde duas Rainhas, a Vermelha e a Branca disputam o trono que oscila entre bem e mal, entre vermelho e branco, entre chapeleiros e alices na busca de um país das maravilhas. País onde tudo é colorido e surreal como num sonho. Escolha seu personagem e venha sonhar e fazer escolhas, assim eu li o convite para assistir Alice no País das Maravilhas.
Bom te olhar Sinto cada vez mais falta de lhe olhar Quanto mais olho, mais te adoro. O que é adorar? Para os hebreus significava ajoelhar-se, dobrar-se diante do Senhor. Para os gregos, aproximar-se Dele e beijar a Sua mão. Para mim é tudo isso e mais. Mais o Olhar que me freia, Mais o olhar que me devora, Mais o olhar que me fascina Quando mergulho no verde Em busca de mais de Você. Assim adoro caminhar pelo seu olhar, Passear com minhas mãos pelo seu corpo, Te acariciar e te dar prazer, Te adoro!